Henrique explica: por que o Lauril Éter Sulfato de Sódio pode ser considerado um componente seguro

Talvez você já tenha visto por aí alguma menção ao Lauril Sulfato de Sódio e eu posso quase adivinhar que não era algo positivo.

Essa substância não está entre as mais populares. Criou-se uma ideia generalizada de que o Lauril pode ser agressivo e tóxico. Hoje eu trago um outro ponto de vista, sustentado em mais de 10 anos de pesquisa na área.

Pode ser que esse não seja o texto mais agradável para leitura, afinal, os termos técnicos estão presentes do início ao fim. Mas eu peço para que você dê uma chance e leia com atenção.

Você vai entender por que utilizamos Lauril Sulfato de Sódio nos produtos da Garoa, com a garantia de que estamos fazendo uma escolha segura e coerente com o nosso propósito.

Espero que o conteúdo seja útil e fique à vontade para anotar as suas dúvidas ao longo da leitura. Estou aqui para ajudar!

Qual a função de um tensoativo em produtos de limpeza?

As substâncias tensoativas possuem estruturas químicas que permitem interação com água e gordura. As cadeias hidrofílicas se ligam à água, enquanto as lipofílicas se agregam à gordura.

Nos produtos de limpeza da Garoa, os tensoativos auxiliam na solubilização dos terpenos (que são os ativos naturais de limpeza) e potencializam as funções desengordurante, microbiana e de eliminação de odores.

Os tensoativos podem ser de origem natural ou sintética, o que os torna um elemento-chave na criação de produtos de limpeza sustentáveis. Na Garoa, optamos por tensoativos de fontes vegetais, como óleo de coco, palma, milho e soja.

Utilizamos todos os tipos de tensoativos, que tecnicamente se dividem em aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfóteros. Nossas escolhas são fundamentadas em informações de biodegradabilidade e toxicidade da Anvisa e da Listagem de Ingredientes para Detergentes (DID-List), disponibilizada pela Comissão Europeia.

Assim, conseguimos avaliar os tensoativos disponíveis no Brasil e decidir por alternativas naturais, eficientes e totalmente seguras para pessoas, animais e o planeta.

Lauril Éter Sulfato de Sódio: mitos e verdades

O Lauril Éter Sulfato de Sódio é um dos tensoativos utilizados nos produtos de limpeza da Garoa. Esse é um componente que gera polêmica e, muitas vezes, com base em informações confusas, sem embasamento científico.

Entender um pouco sobre química é importante para termos condições de desmistificar alguns pontos. Vamos começar pela estrutura do Lauril Éter Sulfato de Sódio, que pode ser dividida em 3 partes:

  • A primeira é proveniente do álcool laurílico, que vem do óleo de palma e do óleo de coco.

  • A segunda é a sulfatação, processo considerado natural pela NBR ISO 16128, que fornece diretrizes técnicas para ingredientes e produtos naturais e orgânicos.

  • A terceira parte é a etoxilação, realizada a partir do óxido de etileno, que pode ser petroquímico ou natural.

Em termos ambientais, acredito que grande parte da confusão de informações a respeito do Lauril se dá pelo fato de ele ser um tensoativo que gera espuma, e se faz uma conexão entre geração de espuma e poluição.

O Lauril Éter Sulfato de Sódio integra o grupo de tensoativos aniônicos. Todas as substâncias dessa mesma nomenclatura são consideradas biodegradáveis. A Anvisa permite que seja incluída a informação “Tensoativo biodegradável” apenas nos rótulos de produtos de limpeza que utilizem tensoativos aniônicos, como o Lauril.

No caso do Lauril, a biodegradação tem alta velocidade, o que se reflete em baixo impacto ambiental. Para você ter uma ideia, são necessários apenas 28 dias para a decomposição do Lauril atingir mais de 92%.

No que se refere à saúde, o Lauril é frequentemente apontado como causador de irritações na pele e mucosas. Mas, quando utilizado nas proporções recomendadas, esse tensoativo tem baixíssimo risco, tanto que é aprovado para uso em produtos cosméticos para bebês em todo o mundo.  

Existe um mito específico associado à etoxilação, que supostamente resultaria na formação de um composto tóxico chamado dioxano. Essa afirmação só se justificaria se o processo acontecesse em meio ácido, mas a etoxilação do Lauril ocorre em meio básico, não possibilitando ocorrer a geração de dioxano.

Outra informação bastante difundida, e que não condiz com a verdade, refere-se a um possível efeito residual do etoxilação do Lauril com óxido de etileno. Entretanto, essa substância tem uma característica extremamente reativa, então não seria possível a permanência em solução ou formação de resíduo. Quimicamente falando, não há como haver residual de óxido de etileno no Lauril.

Esses são aspectos bastante técnicos, mas importantes para explicar quais são os mitos e verdades em relação ao Lauril Éter Sulfato de Sódio. Enquanto há tantas incoerências disseminadas sobre esse tensoativo, os fostatos, por exemplo, continuam amplamente utilizados na indústria de produtos de limpeza, mesmo poluindo os corpos hídricos.

A crença equivocada de que o Lauril é um grande causador de problemas ambientais e para a saúde fez com que a indústria evitasse esse componente, mas a ciência mostra que ele é uma opção de tensoativo eficiente, natural, de alta biodegradabilidade e baixa toxicidade.

Mesmo que alguns temas sejam complexos e tenham, inevitavelmente, uma linguagem com termos bastante específicos, às vezes precisamos nos apoiar na técnica para não nos deixarmos levar pela desinformação.

Não se preocupe com o Lauril – há inúmeras outras substâncias que fazem parte da química da limpeza convencional e representam, de fato, grande perigo à nossa saúde e ao Planeta.

Henrique Sant’Ana
Garoeiro Fundador
henrique@garoa.eco.br